quinta-feira, 10 de abril de 2008

Eppur si muove



Não se pode calar um homem.
Tirem-lhe a voz, restará o nome.
Tirem-lhe o nome
E em nossa boca restará
A sua antiga fome...

Mente quem fala que quem fala consente.
Quem cala, às vezes, re-sente,
Por trás dos muros dos dentes,
Edifica-se um discurso transparente...
A ausência da voz
È, mesmo assim, um discurso...

Ah, o silêncio é um discurso invertido
Modo de falar alto
- proibido.

Se um silêncio é demais ,
Quando é de dois, geminado,
Mais que silêncio
- é perigo
é uma forma de ruído.

Por isso que o silêncio
da consciência,
Quando passa a ser ouvido
Não é silêncio
-é estampido

Affonso Romano de Sant´Anna

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