sexta-feira, 10 de julho de 2009



Chorar por tudo que se perdeu,
por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser,
pelo que perdi de mim, pelo ontem morto,
pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe,
pelo muito que amei e não me amaram,
pelo que tentei ser correto e não foram comigo.
Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém,
recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação.
Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha,
de pedir que me deixem em paz e só com ela,
como um cão com seu osso.
A única magia que existe
é estarmos vivos e não entendermos nada disso.
A única magia que existe é a nossa incompreensão.

Caio F.



e só...

quinta-feira, 25 de junho de 2009



Uma Crítica sobre nosso atual "forró".
De Ariano Suassuna


'Tem rapariga aí? Se tem levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão.
Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens,
pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda quese diz de
forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não,e todas bandas do gênero).
As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida emgeral, com ênfase na cachaça.

Esta cena aconteceu no ano passado, numadas cidades de destaque do agreste
(mas se repete em qualquer uma ondeestas bandas se apresentam).

Nos anos 70, e provavelmente ainda nosanos 80, o vocalista teria dificuldades
em deixar a cidade.O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado,
numaaula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da BandaCalipso,
que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto.Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró',
e Ariano exclamou:
'Eita que é pior do que eu pensava'.
Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.
Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicasbem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores
virtuais de família. Mas me arrisco adizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (SaiaRodada), (aff essa foi viu...) Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde doForró), Banho de língua(Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (vô-le ) (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado emputaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviõesdo forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente dasbandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande partedelas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo.
E aí faço um paralelo com oturbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o paísestava esfacelando-se.

Dilacerado por guerras étnicas, em plenogoverno do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, misturade pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbofolk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró',parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saiase shortes começavam muito tarde.

Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado Milan Nikolic, afirmou, em2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crençanos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pelamáfia, que, por sua vez, dominava o governo.Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste.

Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, emerecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem.

Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente.
Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.


Ariano Suassuna

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Meu Caetano já cantara... " Alguma coisa está fora da ordem...Fora
da nova ordem mundial..."


Fiquem bem ...
;*

quarta-feira, 3 de junho de 2009


"...Onde tua voz deposita o desespero,

o meu ouvido deposita compaixão...

e acalanta a tua palavra,

pois a minha, mesma que muda,

arrasta incertesas, e um leve sofrimento...
...

acho que ainda não quero gritar...

o Amor me basta."


01/04/09 00:15h

Lidiane Pessoa
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